Ando um pouco irritada com o excesso de muros que aparecem no meu caminho no decorrer da vida. Pior é que isso não acontece só comigo, é um vírus mundial, planetário. Não seria apenas “burocracia”, essa palavra sozinha não traduz toda a teia da corrupção e hipocrisia existencial que os seres humanos adoram perpetuar.
É a censura que existe quando a ordem é liberdade, o abuso e o descaso nos momentos mais delicados, está no jornal, na música, na TV, no barzinho, na sala de aula, no trabalho, chegou até ao amor!
Quando eu era pequena e tinha alguma idéia ou algo do tipo, minha mãe sempre repetia que “pra criança, tudo é fácil” e eu discordava, na verdade eu nem entendia direito. Hoje eu concordo, com toda a certeza, e eu sinto pena dos “adultos”, porque ser adulto é uma opção, ser idoso é uma opção... Vai de você, entende? Da sua cabeça, de como quer levar sua vida.
Até que ponto ser irresponsável é um defeito? Isso depende muito, depende do objeto em questão, se é irresponsável com sua saúde, no seu trabalho ou com seu relacionamento. Ainda assim, cada um tem um parâmetro que varia, não podemos usar nada como base, porque é muito subjetivo. É preciso tentar esquecer as lições que lhes foram impostas em vista de uma boa aparência, de acordo com a “ordem” e os bons costumes para compreender o que julga ser certo e errado, o seu verdadeiro Eu, a sua essência.
Acho que o bom exercício para exercitar essa nova roupagem da consciência seria tentar lidar de um modo diferente com a verdade e a mentira. Eu ando muito preocupada com isso. A glorificação da mentira ocorre com uma naturalidade que me causa uma náusea extremamente insistente e incômoda. Mentem para pai, mãe, namorado, amigo, professor, patrão, filho... As pessoas estão mentindo muito, juro que parece que isso está crescendo! Desculpem os termos “chulos”, mas EU TO CAGANDO pra isso, eu LIGUEI O FODA-SE, numa boa, pra essa falsidade toda que está ao meu redor. A parada é a seguinte: Eu não vou entrar no jogo!
Eu me assumo do jeito que eu sou para quem eu julgar que mereça me conhecer desta forma ou parcialmente, mas eu não suporto mais ser empurrada o tempo todo para a correnteza das mentiras, como se não houvesse escolha, como se eu tivesse que escolher entre mentir ou ser infeliz. Isso é ridículo, porque a verdade é linda, porque a verdade é tosca, às vezes escrota, ela é feia, ela é cômica, ela é crua, é carne, ela arde e dói, ela fere na pele e no sangue, mas não é contagiosa.
Eu estou apaixonada por ela, declaro aqui e agora os meus mais sinceros, doces e sacanas sentimentos para com a verdade. Porque a vida é muito curta pra eu fingir, disfarçar e mentir. E se isso me prejudicar (como já ocorre), lamento à minha estúpida idéia genial, porque é o preço que terei que pagar por pisar na terra descalça. Eu posso me sujar e cortar meus pés, posso acabar mancando, sangrando, mas eu e recuso a perder a chance de me sentir realmente viva. E essa é uma grande verdade em mim.
Chica Blanco.